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Prefeitos pressionam e Estado deve abrir programa para receber dívidas de R$ 15 bilhões de grandes devedores
Com mais de 38 assinaturas – cômputo até o dia 27-, os prefeitos de Rondônia apresentam na próxima semana um documento ao governador Marcos Rocha pedindo o envio de um projeto de Lei à Assembleia Legislativa criando um programa de recuperação de créditos dos grandes devedores de tributos estaduais, na maioria ICMS. Hoje, a dívida chega à cifra de R$ 15.407.282.488,18 incluindo juros, multa e o débito principal, e grande parte está há mais de 10 anos na esfera judicial aproveitando-se de brechas legais para procrastinar o pagamento à Receita Estadual. A concessionária de energia, a Energisa é um dos grandes devedores. Seus acionistas herdaram o débito da antiga Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), federalizada na gestão do ex-governador Valdir Raupp (1995-1999) e vendida à iniciativa privada no governo Michael Temer (2018).
Do rol dos contribuintes “especiais” inadimplentes, a Energisa é uma das poucas empresas a demonstrar interesse em pagar à vista, mas desde que haja concessões do Estado de Rondônia. Em 2019, o governo Marcos Rocha tentou aprovar um programa especial chamado “transação tributária” garantindo a esses grandes devedores a oportunidade de reduzir multas e juros em 85% e pagar o restante à vista. O projeto ficou mais de um ano engavetado na Assembleia Legislativa e por motivos ideológicos e políticos, os deputados estaduais não colocaram em pauta. Na época, a Energisa estava se implantando em Rondônia, as tarifas subiram de preço e a fiscalização aumentou exponencialmente, causando furor nas redes sociais.
Mas o cenário mudou. Com a forte recessão, queda de emprego e investimentos em razão da pandemia do novo Coronavírus, os prefeitos enxergaram nas negociações dos grandes devedores um fio condutor para incrementar o caixa dos municípios. O raciocínio é simples: o Executivo aprovando a transação tributária, a Energisa paga R$ 700 milhões aos cofres públicos, desconta 85% da dívida da Caerd e ainda dá 18 meses de carência para pagamento da primeira das 180 parcelas, e as prefeituras terão o direito à parte desses valores conforme a distribuição do ICMS. Porto Velho, por exemplo, ficará com cerca de R$ 50 milhões.
Força-tarefa na Assembleia Legislativa
O cenário parece simples, mas não é. No meio da transação, há a Assembleia Legislativa e seus membros sujeitos a críticas nas redes sociais, que podem arriscar o projeto de reeleição de cada um em 2020. Como o projeto de 2019 nem chegou a ir ao plenário, o Governo só manda uma nova proposta à Casa de Leis, caso haja um pedido formal dos prefeitos. Esse documento deve chegar até a próxima semana na Casa Civil. Paralelo a isso, os prefeitos, liderados pelo presidente da Associação Rondoniense de Municípios (Arom), Célio Lang, conversarão com cada deputado individualmente para apoiar o projeto. A ideia é convencer os parlamentares que os municípios estão à beira do colapso e esses recursos serão fundamentais para garantir investimentos em infraestrutura e fomento agrícola.
O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, disse que os R$ 50 milhões da negociação serão utilizados em asfaltamento urbano. Caso os deputados eleitos pela base da capital votem contra ele prometeu falar aos cidadãos porto-velhenses o porquê o asfalto não vai chegar em sua rua. “É uma forma de pressionar. Não estamos pedindo perdão a empresa alguma, apenas queremos que paguem o que devem e as prefeituras receberem suas parcelas a que tem direito no bolo do ICMS”, argumentou.
Dívida de R$ 15 bilhões
O jornal não teve acesso a lista dos maiores devedores, que está em sigilo, mas é liderada pela Energisa e o consórcio Jirau, que somada a outras empresas devem mais de R$ 15 bilhões ao Governo de Rondônia. O secretário de Finanças, Luis Fernando Pereira da Silva, explicou que os créditos tributários estão em cobrança na esfera judicial, mas os recursos acabam empurrando a contenda por anos. O débito da Energia, criado por causa da celeuma sobre o ICMS do diesel utilizado nas termelétricas, é discutido há mais de 20 anos. “Vamos esperar mais 20 para receber ou é melhor receber agora retirando multas e juros? “, questiona o secretário. Caso os grandes devedores resolvem pagar suas dívidas com juros e multas embutidos, Porto Velho, por exemplo, receberia R$ 8 bilhões de participação do ICMS. O Orçamento de 2021 da maior cidade de Rondônia é de R$ 1,5 bilhão. Além de Porto Velho, as 51 prefeituras também teriam direito ao bolo dos recursos.
Veja quanto cada uma ficaria, caso a negociação avançasse.
| 
			 NOME DO MUNICÍPIO  | 
			
			 VALOR ATUALIZADO  | 
		
| 
			 ALTA FLORESTA DO OESTE  | 
			
			 R$ 65.946.737,59  | 
		
| 
			 ALTO ALEGRE DOS PARECIS  | 
			
			 R$ 31.012.286,53  | 
		
| 
			 ALTO PARAISO  | 
			
			 R$ 88.495.673,54  | 
		
| 
			 ALVORADA DO OESTE  | 
			
			 R$ 40.309.728,33  | 
		
| 
			 ARIQUEMES  | 
			
			 R$ 801.892.510,02  | 
		
| 
			 BURITIS  | 
			
			 R$ 123.074.256,27  | 
		
| 
			 CABIXI  | 
			
			 R$ 4.529.946,36  | 
		
| 
			 CACAULANDIA  | 
			
			 R$ 2.458.425,03  | 
		
| 
			 CACOAL  | 
			
			 R$ 724.546.410,47  | 
		
| 
			 CAMPO NOVO DE RONDONIA  | 
			
			 R$ 12.094.351,08  | 
		
| 
			 CANDEIAS DO JAMARI  | 
			
			 R$ 117.359.020,29  | 
		
| 
			 CASTANHEIRAS  | 
			
			 R$ 506.042,20  | 
		
| 
			 CEREJEIRAS  | 
			
			 R$ 73.107.028,00  | 
		
| 
			 CHUPINGUAIA  | 
			
			 R$ 12.816.343,65  | 
		
| 
			 COLORADO DO OESTE  | 
			
			 R$ 56.011.273,68  | 
		
| 
			 CORUMBIARA  | 
			
			 R$ 5.960.720,01  | 
		
| 
			 COSTA MARQUES  | 
			
			 R$ 23.804.481,35  | 
		
| 
			 CUJUBIM  | 
			
			 R$ 138.090.912,93  | 
		
| 
			 ESPIGAO D'OESTE  | 
			
			 R$ 119.674.893,07  | 
		
| 
			 GOVERNADOR JORGE TEIXEIRA  | 
			
			 R$ 2.079.191,90  | 
		
| 
			 GUAJARA-MIRIM  | 
			
			 R$ 1.088.528.698,45  | 
		
| 
			 ITAPUÃ DO OESTE  | 
			
			 R$ 71.431.236,60  | 
		
| 
			 JARU  | 
			
			 R$ 150.089.226,52  | 
		
| 
			 JI-PARANÁ  | 
			
			 R$ 1.329.344.975,33  | 
		
| 
			 MACHADINHO D'OESTE  | 
			
			 R$ 56.809.467,51  | 
		
| 
			 MINISTRO ANDREAZZA  | 
			
			 R$ 32.188.405,97  | 
		
| 
			 MIRANTE DA SERRA  | 
			
			 R$ 14.388.244,56  | 
		
| 
			 MONTE NEGRO  | 
			
			 R$ 37.797.489,17  | 
		
| 
			 NOVA BRASILANDIA DO OESTE  | 
			
			 R$ 36.492.171,90  | 
		
| 
			 NOVA MAMORE  | 
			
			 R$ 52.388.548,28  | 
		
| 
			 NOVA UNIAO  | 
			
			 R$ 2.634.879,04  | 
		
| 
			 NOVO HORIZONTE DO OESTE  | 
			
			 R$ 12.576.925,53  | 
		
| 
			 OURO PRETO DO OESTE  | 
			
			 R$ 124.760.893,20  | 
		
| 
			 PARECIS  | 
			
			 R$ 5.260.432,83  | 
		
| 
			 PIMENTA BUENO  | 
			
			 R$ 164.819.229,46  | 
		
| 
			 PIMENTEIRAS DO OESTE  | 
			
			 R$ 1.001.236,09  | 
		
| 
			 PORTO VELHO  | 
			
			 R$ 8.155.644.808,24  | 
		
| 
			 PRESIDENTE MÉDICI  | 
			
			 R$ 56.891.208,34  | 
		
| 
			 PRIMAVERA DE RONDONIA  | 
			
			 R$ 1.465.994,69  | 
		
| 
			 RIO CRESPO  | 
			
			 R$ 6.400.497,53  | 
		
| 
			 ROLIM DE MOURA  | 
			
			 R$ 281.495.926,04  | 
		
| 
			 SANTA LUZIA DO OESTE  | 
			
			 R$ 28.843.108,36  | 
		
| 
			 SAO FELIPE D'OESTE  | 
			
			 R$ 15.877.252,54  | 
		
| 
			 SAO FRANCISCO DO GUAPORE  | 
			
			 R$ 64.059.156,05  | 
		
| 
			 SAO MIGUEL DO GUAPORE  | 
			
			 R$ 75.253.944,15  | 
		
| 
			 SERINGUEIRAS  | 
			
			 R$ 74.409.937,34  | 
		
| 
			 TEIXEIROPOLIS  | 
			
			 R$ 8.876.973,50  | 
		
| 
			 THEOBROMA  | 
			
			 R$ 1.021.980,91  | 
		
| 
			 URUPA  | 
			
			 R$ 12.282.426,15  | 
		
| 
			 VALE DO ANARI  | 
			
			 R$ 1.428.922,97  | 
		
| 
			 VALE DO PARAISO  | 
			
			 R$ 1.961.450,86  | 
		
| 
			 VILHENA  | 
			
			 R$ 997.086.607,77  | 
		
Fonte: Rondoniagora