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Da sala de aula em Rolim de Moura ao Banzeiro da Esperança: a trajetória de Bruna Quintino rumo à COP 30
Projeto reúne jovens amazônidas para narrar seus territórios, e representante de Rolim de Moura ganha destaque na agenda paralela da COP 30.

Por Redação
Publicado Há 3 h
Atualizado Há 3 h
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A rolimourense Bruna Analete Quintino já está em Belém, onde vive uma das experiências mais simbólicas de sua geração: participar de atividades especiais durante a COP 30, em um movimento que conecta juventudes amazônidas à maior conferência climática do planeta. Mas sua história com a defesa do meio ambiente começou muito antes de embarcar no barco Banzeiro da Esperança. Começou, na verdade, quando ela era apenas uma menina de oito anos sentada em uma sala de aula em Rondônia.

“Uma professora disse que havia possibilidades de Rondônia se tornar um deserto. Aquilo me assustou muito”, lembra Bruna. A frase ficou gravada, criando um alerta que cresceu com ela. “Desde a infância já comecei a ter um olhar especial para o cuidado da Casa Comum”, conta. Ao longo dos anos, esse despertar foi alimentado por vivências familiares e comunitárias. “Minha mãe sempre foi um exemplo para mim, com esse olhar do cuidado e do reflorestamento. E a Pastoral da Juventude e as formações da Igreja também foram importantes para apurar meu olhar.”

Hoje, esse percurso pessoal desemboca na COP 30 através do projeto Filhas da Floresta, idealizado pelo Instituto Arumã em parceria com o Instituto Rouanet, reunindo dez jovens mulheres da Amazônia para contar, desde dentro, as histórias de seus territórios. Cada uma está produzindo um episódio da websérie documental que será lançado no primeiro trimestre de 2026.

A bordo do Banzeiro da Esperança, Bruna tem vivido dias intensos: oficinas, rodas de conversa, encontros com lideranças quilombolas, indígenas e ribeirinhas, além da missão de abastecer as redes sociais do projeto com conteúdos que provoquem reflexão sobre o cuidado ambiental. O grupo também produziu um manifesto coletivo, já entregue e divulgado nas redes sociais, como um chamado urgente das juventudes da floresta.

Para Bruna, essa imersão tem sido profundamente transformadora.
“Participar e ser uma Filha da Floresta tem ressignificado minha vida e o meu olhar. Tem me mostrado para onde eu quero ir e onde eu quero estar”, afirma. A experiência no Banzeiro tem ampliado horizontes: “Há muitas trocas, oficinas e formações. Com essas trocas conhecemos tantas realidades diferentes.”

Em Belém, ela participa da programação oficial voltada ao público externo, preparada especialmente para quem deseja aprender, debater e representar suas comunidades durante a COP 30. A conferência construiu uma agenda paralela robusta, com debates, exposições, seminários e espaços onde múltiplas vozes podem ecoar — inclusive aquelas vindas da floresta.

E é justamente esse eco que Bruna pretende levar de volta para casa.

“Ainda é possível salvar a Amazônia. E a nossa voz também pode ser ouvida”, diz. Ela acredita que a participação das juventudes é indispensável e reforça: “A juventude tem força para chegar a todos os lugares.”

A presença de uma rolimourense nesse espaço global é motivo de orgulho para toda a região. Bruna leva consigo não apenas sua história, mas a história de uma geração que se recusa a aceitar o colapso ambiental como destino. Ela representa a fé, a resistência, o sonho, o chão amazônico e a certeza de que o futuro só será possível se for construído a muitas mãos.

Assim, do medo infantil de um possível deserto à coragem adulta de enfrentar o debate climático mundial, a trajetória de Bruna Quintino mostra que a Amazônia fala — e que uma de suas vozes, agora, parte diretamente do coração de Rolim de Moura.

Fonte: Rolnews