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A história de Ezequias Braz, o Tuta, se confunde com a trajetória da própria cafeicultura rondoniense. Pioneiro em Cacoal desde 1976, Tuta chegou ao estado trazendo sementes e esperança. Ao invés de plantar, ajudou centenas de colonos a iniciar viveiros, distribuindo mudas e incentivando o cultivo do café.

Nos anos 90, Rondônia já havia produzido até 3,5 milhões de sacas de café, mas enfrentou uma crise profunda: queda de preços, abandono de lavouras e quase extinção da atividade. A virada veio em 2014, quando Tuta liderou a criação da Câmara Setorial do Café, com apoio do governo estadual, Embrapa e produtores.

Essa mobilização promoveu a revitalização do café rondoniense, com destaque para o robusta amazônico, que hoje é referência internacional em qualidade e bebida. O estado passou de apenas 600 mil sacas para mais de 2 milhões por safra, com previsão de chegar a 5 milhões nos próximos anos.

A tecnologia e o investimento em capacitação mudaram o perfil do produtor. Hoje, além da agricultura familiar, Rondônia já conta com grandes produtores industriais, que cultivam acima de 50 alqueires e empregam colheita mecanizada, viveiros modernos e cafés com pontuação superior a 90.

Tuta defende que o governo continue investindo em gestão rural, pois “a propriedade deixou de ser um sítio e virou uma empresa”. Ele também destaca a importância de fomentar o consumo do café local nas escolas, hospitais e órgãos públicos, incentivando o mercado interno.

Após 12 anos à frente da Câmara Setorial, Ezequias Braz anuncia sua saída da presidência em 2025, mas segue atuante como comerciante e referência técnica. Seu legado é uma cadeia produtiva fortalecida, produtores premiados, cafés exportados para Ásia e Europa, e uma Rondônia que, finalmente, aprendeu a valorizar o que planta.